terça-feira, 13 de outubro de 2009

Enoturismo é vital para sustentação das pequenas cantinas do Vale dos Vinhedos

Vendas no varejo garantem bons negócios e abertura de mercados

Com 31 vinícolas, das quais 87% são pequenas ou médias empresas familiares, o Vale dos Vinhedos tem no enoturismo a base de sustentação de muitos empreendimentos. O potencial vitivinícola da região começou a ganhar destaque a partir da criação da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), em 1995, e se consolidou após a conquista da Indicação de Procedência em 2001, que tornou os vinhos e espumantes do Vale dos Vinhedos reconhecidos nacional e internacionalmente.

Embora muitas das vinícolas já tenham conquistado mercados muito além das fronteiras do Vale, há aquelas que foram criadas justamente para atender a demanda da região. É o caso da Villagio Larentis, fundada em 2001, que comercializa 90% de seus vinhos e espumantes no próprio varejo. Com uma produção de 70 mil garrafas/ano a Larentis recebe cerca de 800 visitantes por mês, sendo que este número supera a casa das mil pessoas na alta temporada.

Outro estabelecimento que depende predominantemente do fluxo turístico do Vale dos Vinhedos é a Vinhos Torcello, que tem 70% de seus produtos vendidos no varejo. “Todo nosso empreendimento está baseado no turismo, pois acreditamos que o contato direto com o público consumidor além de facilitar a venda proporciona uma melhor margem de rentabilidade para a vinícola, bem como favorece o cliente que compra o produto direto na fonte por um preço justo”, destaca o diretor da empresa, Rogério Valduga. A vinícola, que teve sua primeira safra em 2005, tem uma produção média anual de 10 mil garrafas de vinhos tintos divididos entre as variedades de Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat; 5 mil garrafas de suco de uva produzido de forma artesanal e 5 mil garrafas de espumante dividido entre moscatel e brut.

Para o enólogo Luiz Milani, a produção própria de vinhos foi a alternativa encontrada em 1989 para o escoamento da produção de uvas que já não vinha sendo absorvida pelas grandes vinícolas. Hoje, a Milantino Vinhos Finos produz 60 mil garrafas/ano que são comercializadas na própria cantina e em capitais brasileiras como Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. “Nosso objetivo sempre foi a produção de uva e o aproveitamento do fluxo turístico, mantendo as características originais da região. Por isso, já pensamos em abrir um restaurante visando atrair mais público e possibilitar ao visitante degustar grandes vinhos acompanhados pelos melhores pratos de nossa gastronomia”, salienta Milani.

Novas possibilidades

Além de permitir o contato direto com o consumidor, o enoturismo também vem proporcionando a abertura de novos mercados para os vinhos do Vale dos Vinhedos. A afirmação é do enólogo e diretor da Vinhos Don Laurindo, Ademir Brandelli. Conforme o enólogo, a primeira venda é sempre feita no varejo e este é o ponto de partida para futuros pedidos. “A Don Laurindo não tem representantes. Abrimos nosso mercado a partir do varejo e hoje já vendemos para todo o Brasil e até para o Exterior”, enfatiza.

Na Angheben, a vocação enoturística do Vale dos Vinhedos foi justamente o que motivou a instalação da vinícola na região. “O Vale dos Vinhedos já tem uma cultura do vinho e por isso decidimos criar a cantina aqui, embora nossa produção de uvas esteja em Encruzilhada do Sul”, comenta o diretor Eduardo Angheben. Segundo ele, o contato direto com o consumidor permite um retorno com baixo custo e a criação de um vínculo com o cliente.

Êxodo


Mesmo quem não vende grande parte de sua produção aos visitantes reconhece a importância do enoturismo para a preservação do potencial vitivinícola do Vale dos Vinhedos. Décio Tasca, sócio-diretor de uma das empresas mais antigas da região salienta que o enoturismo hoje é fundamental até para se evitar o êxodo rural no Vale dos Vinhedos. “Motivados pelo crescimento do fluxo turístico, as famílias estão optando por permanecer na colônia mesmo com todas as dificuldades que a vitivinicultura brasileira enfrenta atualmente”, observa.

Segundo ele, desde o registro de fundação da cantina, feito por seu bisavô em 1931, a proposta sempre foi a de preservar o estilo colonial e a produção artesanal. Nos 25 hectares de terra, a Famiglia Tasca produz atualmente somente uvas para suco, totalizando 50 mil garrafas/ano que são comercializadas no varejo e em hotéis e restaurantes da Serra Gaúcha.

PERFIL DO VALE


Localização: Serra Gaúcha, entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul

Área total: 81,123 km²

Área com vinhedos: 26%

Área com florestas: 43%

Área para plantio: 31%

Temperatura média: entre 16º e 18ºC

Altitude: 742 metros

Fonte: Conceito Comunicação

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