Impacto da urbanização pode descaracterizar o principal destino vitivinícola do Brasil
O Vale dos Vinhedos, primeiro roteiro enoturístico do Brasil, está sob ameaça. O alerta é da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), após avaliar os prejuízos da descaracterização territorial da região, que poderá ser gerado caso se confirme a transformação do espaço rural em área urbana, conforme projeto de Lei Complementar recentemente aprovado em regime de urgência pela Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves.
Correndo contra o tempo e contra a possibilidade de derrubada do veto do prefeito Roberto Lunelli, a diretoria da Aprovale tenta fazer o Legislativo Municipal - (com exceção dos vereadores Mário Gabardo (PMDB) e Neilene Lunelli Cristófoli (PT)) – enxergar o que é evidente até para os turistas: a urbanização pode mudar não só a cara mas, principalmente, a vocação enoturística do Vale dos Vinhedos.
Além de proprietários de empreendimentos e moradores do Vale dos Vinhedos, a tese de descaracterização territorial é fundamentada por estudiosos das mais diversas áreas. A museóloga Maria Dalcin, autora do livro “Vale dos Vinhedos – História, Vinho e Vida” é uma delas. Ela avalia que a função social que os lotes do Vale dos Vinhedos exercem será violentamente atingida se transformados em área urbana. “Há 130 anos os imigrantes receberam apenas terras e mata e as transformaram numa das mais belas paisagens culturais do país. Esses lotes delinearam território, inseriram-se num contexto histórico e sociocultural”, afirma.
Para o presidente da Aprovale, Aldemir Dadalt a gravidade da situação se torna ainda maior se pensarmos que a urbanização ameaça não apenas o futuro do Vale como destino enoturístico, mas todas as três cidades do qual ele faz parte: Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul.
Igualmente contundente foi a manifestação do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural de Bento Gonçalves (COMPAHC) em um parecer sugerindo que o Poder Executivo vetasse o projeto de lei. No texto, o principal argumento do conselho para defender o veto é a importância cultural e histórica do Vale, além de seu valor turístico reconhecido nacional e internacionalmente. Conforme o parecer, “uma vez transformada em Lei, representará um conflito com o Plano Diretor que foi construído de forma amplamente democrática, representando, portanto, o desejo da população bentogonçalvense de manter as características históricas do distrito do Vale dos Vinhedos”.
Na internet
A mobilização para evitar o zoneamento do lote nº 08, da Linha Leopoldina, conforme o projeto de lei nº 287/09, que tramita na Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves, vem ganhando o apoio de lideranças setoriais e empresariais e de visitantes do vale. O repúdio à urbanização do lote, considerado o primeiro lote rural do distrito de Vale dos Vinhedos, vem sendo manifestado nos mais diversos sites e blogs, além de ganhar as páginas de importantes veículos de comunicação do país. No site www.falandodevinhos.wordpress.com, do enófilo João Filipe Clemente, por exemplo, é impossível não ler o texto “Vale dos Vinhedos: visite antes que desapareça”.
Avaliando a decisão do Legislativo Municipal, o empresário do setor vitivinícola Werner Schumacher publicou em seu blog o seguinte comentário: “O Vale vai perder uma das suas mais belas paisagens e, também, mata atlântica. O curioso é que o desmatamento para o plantio de videiras não é permitido, mas para urbanização pode”, contesta Schumacher.
Mais Informações:
Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale)
Fone: (54) 3451.9601 www.valedosvinhedos.com.br / aprovale@valedosvinhedos.com.br
Fonte: Conceito Comunicação
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
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