O pioneirismo e o renome conquistado pelo trabalho desenvolvido na primeira Indicação Geográfica (IG) do Brasil, os Vinhos do Vale dos Vinhedos, definiram a sua escolha para servir de referência para o Ministério de Ciência e Tecnologia, através do Museu Paraense Emílio Goeldi, no desenvolvimento da IG dos Brinquedos de Miriti de Abaetetuba, no Estado do Pará.
Segundo Maria das Graças Ferraz Bezerra, analista do Museu que esteve na semana passada em Bento Gonçalves, o trabalho começou com o Sebrae promovendo a organização comunitária da associação de produtores. O Museu ficou responsável pelo levantamento de dados e da história dos brinquedos e elaboração de documento referencial sobre a originalidade dos brinquedos de Miriti de Abaetetuba. Na sequência, elaboraram e um cronograma para iniciar as atividades, que tinha como uma das primeiras tarefas entender melhor o processo da obtenção da Indicação Geográfica.
Nesta etapa, Maria das Graças destaca que colegas do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia do Museu Goeldi já haviam participado de uma palestra em Belém com Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e indicaram seu nome. “Tonietto, que é uma das maiores autoridades brasileiras no assunto, foi muito receptivo e esses dias de trabalho foram muito proveitosos e me deram uma nova visão do trabalho a ser feito”, comentou Maria das Graças.
Outro ponto que ficou claro para a visitante foi a necessidade de não apenas construir um projeto, mas sim internalizá-lo e fazer com que ganhe o engajamento de todos os envolvidos, com destaque para os produtores. “É necessário construirmos um processo sustentável, não apenas um documento que dê direto a uma certificação dos brinquedos que estão entranhados na infância de todo o paraense “, complementou Maria das Graças.
Os Brinquedos de Miriti, feitos com a fibra leve da palmeira também conhecida como Buriti e chamada de isopor da Amazônia, são fabricados há 200 anos no Pará. São considerados a expressão da sensibilidade e da representação do cotidiano do universo do caboclo e do ribeirinho da região de Abaetetuba, cidade vizinha de Belém (PA), onde o artesanato começou. São representadas cobras, lagartos, pássaros e cenas do cotidiano dos moradores, tudo com cores vibrantes e com articulações e movimentos, que chamam a atenção.
Além da visita à Embrapa, a analista foi recebida por Jaime Milan, Diretor Executivo da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), entidade que reúne os produtores que detêm o direito de uso do selo de IG no Vale dos Vinhedos. Lá buscou inspiração nos mecanismos de gestão e de relacionamento entre os produtores de vinho do Vale dos Vinhedos para aplicar junto aos artesões que produzem os Brinquedos de Miriti de Abaetetuba.
O Projeto que visa a Indicação Geográfica dos Brinquedos de Miriti de Abaetetuba está sendo coordenado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, instituição de pesquisa e desenvolvimento ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e conta com os seguintes parceiros: Associação dos Artesãos de Miriti de Abaetetuba (ASAMAB), SEBRAE e Secretaria de Ciência e Tecnologia do Pará. Também conta com o apoio da Rede NIT Pará, que congrega os núcleos de inovação tecnológica de universidades e institutos de pesquisa do Estado do Pará, da qual faz parte a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Amazônia Oriental.
O Vale dos Vinhedos, que é um “case de sucesso” em IG, tem sido utilizado como referência para orientar inúmeros projetos de desenvolvimento de Indicações Geográficas no Brasil e mesmo em outros países.
Fonte: Embrapa Uva e Vinho
quinta-feira, 22 de abril de 2010
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